sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Escutar...

Caros leitores,

Deixamo-vos um vídeo publicitário de serviço à sociedade da nossa vizinha Espanha.




"A natureza deu-nos duas orelhas e uma só boca para nos advertir de que se impõe mais ouvir do que falar."  Zenão de Cítio

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Exigência vs Capacidades

Caros leitores,

Nos dias que correm, a maioria de nós vive a vida contra o tempo e com maior exigência!


Esta corrida pode levar-nos a passar menos tempo com amigos... A praticar menos exercício físico... A querer ser melhor que o nosso colega...

E as nossas crianças?

As nossas crianças são, muitas das vezes, apanhadas nestas correria do mundo adulto.

Num post anterior falámos das causas da gaguez, por fatores predisponentes (como a genética) e os fatores precipitantes (como um acontecimento traumático).

Um modelo de explicação do aparecimento da Gaguez, propõe o desequilíbrio entre as capacidades e as exigências.



Assim, enquanto pais, parece relevante ter em atenção a forma como falam com os filhos, não exigindo uma complexidade que elas ainda não possuem. Da mesma forma, que se estamos sempre com pressa e exigimos que tudo seja feito rapidamente, as crianças podem não conseguir responder de forma tão veloz....

A gaguez é um fenómeno bastante complexo e de dúbias linhas em que todos nós temos um papel a desempenhar. Cumpra o seu...

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Disfluência borderline...

Caros leitores,

Anteriormente, aqui n'Os Gaguitos, falámos sobre as diferenças entre a disfluência normal e a considerada patológica na criança.

No entanto, existe uma fase intermédia - a Disfluência Borderline. Este tipo de disfluência é em grande parte semelhante à disfluência fisiológica, mas com ligeiras diferenças que podem tender para a situação de gaguez na fase inicial. Ou seja, apresenta características da disfluência fisiológica intervaladas com características da gaguez inicial.

De uma forma mais fácil:


Assim, na fase borderline, a criança pode apresentar um maior número de disfluências, que se traduzem em mais repetições de partes de palavras e monossílabos e prolongamentos. Mas continua a não ter percepção das suas dificuldades, podendo parecer surpreendida ou intrigada pela razão de não conseguir dizer a palavra.

Se é pai ou educador e pensa que a criança se encontra nesta fase, aconselhamos a:
Esta fase é crucial, podendo evoluir para um quadro de gaguez ou regredir. Os sentimentos da criança e o auto-conceito são fundamentais para ela. Se esta começa a duvidar de si mesma, e acredita que tem realmente dificuldades e que os outros que a rodeiam criticam e reparam nessas dificuldades, provavelmente desenvolverá condicionamentos e comportamentos mais acentuados de gaguez. Se por outro lado, as dificuldades não forem valorizadas pelos outros, continuarão a ser pouco ou nada valorizadas pela criança. E assim, outros sentimentos negativos e pressão psicológica, poderão nem aparecer, evitando-se a passagem para a fase de disfluência patológica.

De qualquer forma, há que ter em atenção que cada indivíduo é único e assim diferente do próximo, respondendo de forma particular a cada desafio e contrariedade na vida... O mesmo se passa com os indivíduos com gaguez!

Expetativas realistas...

Caros leitores,

Muitos pais são tentados a pensar, especialmente após iniciarem o apoio em Terapia da Fala com a criança, que a gaguez é passível de tratamento imediato ou que é um problema que a criança deve aprender a controlar por si. Acreditam que a criança deve ser capaz de aprender o que "está a fazer mal" e de seguida começar a falar como todas as outras crianças. Eles percebem que a criança é muito fluente, pelo menos uma grande parte do tempo, e pensam: "Se ela é capaz de ser fluente algum tempo, ela deve ser capaz de fazê-lo sempre!". 
Tenha expetativas realistas para a sua criança. É verdade que a intervenção precoce pode aliviar a gaguez, no entanto, apesar dos esforços heróicos por parte dos pais ou do terapeuta, e do amor e aceitação de todos, a gaguez pode continuar a persistir em algumas crianças, ao longo da adolescência e/ou até à idade adulta. Deve sempre considerar que a gaguez poder ser uma perturbação crónica, ou seja, persistir durante toda a vida do indivíduo.
Em relação à Terapia da Fala deve também ter em conta as expetativas que coloca sobre a intervenção, seja realista. Por exemplo, pode assistir ao seu filho a ser muito fluente num ambiente clínico, especialmente se responde bem ao terapeuta, mas no entanto, fora da clínica pode continuar a ter grandes dificuldades. Isto é em contexto natural. A gaguez irá variar conforme os tipos de comunicação que lhe são pedidos, bem como o local onde a criança se encontra.


Como ajudar a criança que gagueja

Caros leitores,

A identificação precoce dos sinais de gaguez em crianças em idade pré-escolar é fundamental para uma detecção rápida que conduz a um maior sucesso na intervenção.
Neste vídeo, a terapeuta Lisa Massaro do Hospital Pediátrico de Montreal explica de forma simples os sinais que distinguem uma disfluência fisiológica da gaguez, como devem agir os pais e no que consiste a intervenção do terapeuta nos casos de disfluência.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Psicologia da Gaguez...


Caros leitores,

A dimensão psicológica da gaguez é tão importante como as próprias disfluências e incapacidades de falar da criança. Pois, qualquer pessoa que gagueje, não gosta de fazê-lo.

Uma pessoa que apanhou um susto com um cão enquanto era criança, e criou medo, agora evita chegar perto de tocar em cães. O mesmo pode acontecer com a gaguez, sendo que as pessoas que gaguejam desenvolvem mecanismos relativamente à sua perturbação.

Guitar (2006), divide os comportamentos dos indivíduos com gaguez em comportamentos primários e secundários:















Depois de situações sucessivas de disfluência, os sentimentos e atitudes da criança com gaguez, podem alterar a sua perspetiva. Tal como uma bola de neve, a criança começa a perceber que tem dificuldades na fala e que, acima de tudo, são incontroláveis da sua parte. Começa a surgir os sentimentos de frustração e vergonha... Podendo estes sentimentos começar a condicionar as situações de fala da criança, pois ela vai sentir mais dificuldades e pressão. As produções de fala seguintes são com mais esforço e tensão, pois a criança antecipa a disfluência e os sentimentos negativos relativos a ela.

A continuidade do ciclo leva a:

Frustração
Medo
Vergonha
Hostilidade

A criança por um lado projeta a sua identidade e a sua crença das "fraquezas" nos outros - acreditando que os outros a estão a julgar. Mas, por vezes, não é necessário fazer essa projeção, pois, os próprios interlocutores têm reações ao gaguejar da criança, que aumentam e acumulam estes sentimentos negativos. Os sentimentos acumulados cristalizam ao longo dos anos, fazendo parte integrante da "identidade do gago".

É devido a tudo isto, e muito mais, que como temos vindo a demonstrar ao longo dos post's, queremos enfatizar a ideia de que a intervenção precoce é crucial. Quanto mais cedo forem detetados estes sentimentos, mais cedo se pode combatê-los!

domingo, 18 de novembro de 2012

Gaguez e Terapia da Fala...

Caros leitores,
A sociedade está preparada e informada para a gaguez?

A sociedade em geral não sei, mas aqueles que lidam diariamente com as crianças e que deviam ter um olho aberto para estas situações não estão de certeza.
Que conselhos daria aos pais na mesma situação? 

Sem dúvida para consultarem um terapeuta da fala o mais cedo possível e para nem sempre confiarem nos médicos. 
 A sociedade está preparada e informada para a gaguez? 

Não! E cada vez mais aqueles que deveriam saber sobre estes assuntos, como o caso dos médicos, ainda me desiludem mais. Por vezes parece que é uma luta que temos que travar sozinhos e que se não formos nós a insistir, a procurar, a perguntar, ninguém nos diz nada.
(Testemunhos Reais)

São estas algumas respostas de pais de crianças com gaguez, que nos permitem compreender quais as maiores necessidades dos cuidadores, tanto em termos de informação e sensibilização como de encaminhamento.

Em situações de necessidade é comum os pais recorrerem ao pediatra. É o profissional de saúde que lhes está mais próximo, que conhece o percurso de vida da criança e é aquele com quem estão habituados a lidar. Os testemunhos acima mencionados exemplificam pais que recorreram ao seu pediatra, ou outro médico, quando desconfiaram pela primeira vez que os seus filhos poderiam ter gaguez. Podemos perceber que não foram situações de sucesso, pois nesta primeira tentativa a resposta comum foi: Isso é normal passar, se não passar espere até aos sete anos para tentar outra vez. Ou seja, são exemplos de pais descontentes. Independentemente da resposta que obtiveram, estes pais acabaram por recorrer a outros profissionais de saúde, aconselhados por outras pessoas, nomeadamente o Terapeuta da Fala.
Então perguntam-se vocês: O que é o Terapeuta da Fala? É o profissional responsável pela prevenção, avaliação, diagnóstico, tratamento e estudo científico da comunicação humana e patologias associadas (CPLOL).

A ideia que queremos passar é que existe outros profissionais de saúde para além daqueles que estão mais próximos de nós. Não é nossa intenção pôr em causa o trabalho dos médicos e pediatras, mas em relação à gaguez, que como referimos é um distúrbio da fluência da fala encarada como uma patologia da comunicação a nível terapêutico, cabe ao Terapeuta da Fala diagnosticar e intervir a esse nível.
Este tipo de situações de descontentamento pode acontecer porque a profissão de Terapia da Fala ainda é muito recente em Portugal, não havendo, ainda, por parte de toda a classe médica um conhecimento da mesma quanto às áreas em que intervém (linguagem, comunicação, fala, voz, deglutição, leitura e escrita).

Quando desconfiar que a criança apresenta alterações na fluência da fala, 
pode sempre contactar um Terapeuta da Fala mais próximo de si.