segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Psicologia da Gaguez...


Caros leitores,

A dimensão psicológica da gaguez é tão importante como as próprias disfluências e incapacidades de falar da criança. Pois, qualquer pessoa que gagueje, não gosta de fazê-lo.

Uma pessoa que apanhou um susto com um cão enquanto era criança, e criou medo, agora evita chegar perto de tocar em cães. O mesmo pode acontecer com a gaguez, sendo que as pessoas que gaguejam desenvolvem mecanismos relativamente à sua perturbação.

Guitar (2006), divide os comportamentos dos indivíduos com gaguez em comportamentos primários e secundários:















Depois de situações sucessivas de disfluência, os sentimentos e atitudes da criança com gaguez, podem alterar a sua perspetiva. Tal como uma bola de neve, a criança começa a perceber que tem dificuldades na fala e que, acima de tudo, são incontroláveis da sua parte. Começa a surgir os sentimentos de frustração e vergonha... Podendo estes sentimentos começar a condicionar as situações de fala da criança, pois ela vai sentir mais dificuldades e pressão. As produções de fala seguintes são com mais esforço e tensão, pois a criança antecipa a disfluência e os sentimentos negativos relativos a ela.

A continuidade do ciclo leva a:

Frustração
Medo
Vergonha
Hostilidade

A criança por um lado projeta a sua identidade e a sua crença das "fraquezas" nos outros - acreditando que os outros a estão a julgar. Mas, por vezes, não é necessário fazer essa projeção, pois, os próprios interlocutores têm reações ao gaguejar da criança, que aumentam e acumulam estes sentimentos negativos. Os sentimentos acumulados cristalizam ao longo dos anos, fazendo parte integrante da "identidade do gago".

É devido a tudo isto, e muito mais, que como temos vindo a demonstrar ao longo dos post's, queremos enfatizar a ideia de que a intervenção precoce é crucial. Quanto mais cedo forem detetados estes sentimentos, mais cedo se pode combatê-los!

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